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A arquitetura, a cultura e o país!

By 17 de Maio, 2021Dezembro 10th, 2023No Comments
Arquitetura

Podia começar este texto com uma narrativa…a arquitetura…

O enredo seria a arquitetura, o narrador seria eu, as personagens seriam os clientes e os arquitetos e o tempo e o espaço… passado, presente e futuro….

 

“… Já foi o tempo em que o arquiteto era procurado porque queriam qualidade, hoje em dia ou é procurado porque precisam de uma mera assinatura, porque precisam de alguém que tenha conhecimentos em determinada câmara, porque precisam de alguém que desenhe o que viram numa revista ou para satisfazer caprichos inúteis de gente vaidosa e com dinheiro…”

 

Infelizmente somos uma classe numerosamente dividida que cada vez mais faz arquitetura “verde”, inimaginável e em série. Uma arquitetura vazia, sem ser amadurecida e em sincronia com o cliente.

De facto muitos clientes também já não pretendem essa sincronia porque já a encontraram na internet e então o arquiteto passa a ser o desenhador de interiores e exteriores que o cliente pretende para a casa deixar de ser o seu refúgio, o seu espaço, o seu projeto de vida para passar a ser o seu objeto de vaidade para o vizinho ver e para convidar os amigos.

Infelizmente, este admirável mundo novo surpreendeu-nos com o Covid 19 e parece que a cultura alterou ligeiramente…ou talvez a necessidade faça repensar melhor em diversas questões….

Sim, porque agora a casa passa a ser uma incógnita que até outrora não passava de um objeto de vaidade para passar a ser…TUDO.

Casa, trabalho e férias?

E agora?

Como organizar o futuro “ninho” com o escritório e com o hotel?

Será que devemos pensar assim?

Será que devemos estar preparados para?

Diria que sim…pelo menos preparados para…

Passamos por uma fase que nunca devia ter sido interrompida em que os detalhes, todo o espaço, toda a relação entre ele, a luz, o conforto térmico e acústico, o local, as necessidades voltam a impor-se por força das circunstâncias.

Sempre digo aos meus clientes que quando começam um projeto, seja ele uma casa, uma fábrica, um escritório, uma clínica, etc., começam um projeto de vida.

Um projeto de vida, um processo contínuo de relacionamentos não só com as pessoas, mas sobretudo com os espaços, com as sensações, com os movimentos, os estímulos e a evolução.

Porém diria que os clientes que nos abordam organizam-se em cinco grupos:

 

– Os que ainda acreditam na arquitetura e no nosso processo criativo, e respeitam-no e nos deixam interagir com eles no sentido de criar um produto personalizado e desenvolvido de acordo com as suas verdadeiras necessidades e de acordo com as suas personalidades.

 

– Os viciados em imagens da Internet, em que as imagens que nos mostram em nada se enquadram com o local nem com as suas verdadeiras necessidades. Diria que nos procuram para que possamos fazer uma montagem de vários alçados que vão vendo em sites da moda e que esperam um verdadeiro milagre sendo que o nosso processo criativo é atropelado por um processo “seco” e desprovido.

 

– Os que nos procuram porque vêm em nós a charneira de facilitação nas entidades licenciadoras para que o projeto de arquitetura seja aprovado em tempo record e aí o papel do arquiteto é absorvido pelo papel de secretariado, algo que não nos compete de todo.

 

– Os que nos procuram na esperança de não cobrarmos nada pelos nossos serviços e pedem para fazermos um “boneco” e já gora vinte visualizações tridimensionais para que possam imaginar o que estão a pensar para o local.

 

– E para finalizar o mix dos últimos três, ou seja, os que nos procuram porque já trazem a planta do projeto em “U/L/Z” e outras diversas letras do abecedário, juntamente com várias imagens de alçados e visualizações tridimensionais de sites de bancos de imagens. Esperam de nós movimentações e malabarismos nas entidades licenciadoras completamente impossíveis e alguns deles tentam negociar os honorários durante um mês para valores que são completamente impraticáveis.

 

O papel do arquiteto na sociedade cada vez se perde mais porque muitas das pessoas não sabem, não percebem e não querem compreender a nossa verdadeira importância.

 

O arquiteto precisa de liberdade, autonomia, criatividade, respeito pelas nossas ideias, confiança na nossa bagagem profissional e cultural, respeito pelo nosso método de trabalho.

 

“….Já foi o tempo em que o arquiteto era procurado porque queriam qualidade e particularidade…”

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